Desorganização gera prejuízo e multas para pequena empresa

Falta de preparo ao começar o empreendimento, desorganização financeira e contábil, falta de controle gerencial do negócio. Esses são alguns dos ingredientes que trazem prejuízos e até mesmo multas para os micro, pequenos e médios empresários.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Inteligência, encomendada pela RSA Seguros, aponta que 86% dos empreendedores abrem a empresa sem ter conhecimento sobre o que é ter um negócio próprio.

No mesmo estudo, 82% dos mil empresários ouvidos disseram que levaram algum tempo até acertar a gestão da firma e que tiveram que aprender na prática como fazê-lo.
“O empresário sempre põe a culpa em outra coisa: capital de giro, concorrência, juros. Mas o fato é que a primeira leva [de novos empreendedores] morre por conta de falta de planejamento. Os pequenos empresários não fazem plano de negócios”.

Especialistas ouvidos pelo DCI afirmaram que a maior parte dos novos empreendedores inicia o negócio com “a cara e a coragem”, utilizando uma poupança que constituíram ao longo da vida para abrir a empresa, porém não fazem planejamento, não realizam avaliação de mercado e não mantém uma reserva para capital de giro.

“São pouquíssimos negócios que têm lucro logo no início, como um restaurante que já nasce em local privilegiado, por exemplo”. “A maioria dos empreendimentos precisa conquistar clientela e aguentar o prejuízo até começar a ter lucro e, para isso, precisa de capital de giro”, completou.

Além de capital de giro – que inclui controle de estoques e de prazos – a pesquisa de mercado é essencial para o sucesso do empreendimento: escolha do local onde se instalar, produto adequado para a região e plano de marketing são alguns pontos.

“Analisando a DRE [Demonstração do Resultado do Exercício] da empresa, a gente encontra o ponto de equilíbrio, que é o faturamento mensal mínimo que o empresário precisa para os custos fixos e variáveis da empresa”. “Essa análise impacta diretamente em setores como vendas e compra, por exemplo”.

Confusão contábil

Um dos maiores problemas enfrentados pelas micro, pequenas e médias empresas, entretanto, é justamente a desorganização financeira e contábil. Uma pesquisa realizada aponta que duas em cada três firmas de menor porte não recebe qualquer tipo de relatório contábil ou consultoria do contador.

“Existe uma relação distante entre o empresário e o contador. O contador não atua como consultor: ele é distante ou não fala a língua do empresário”.
Normalmente as planilhas financeiras enviadas pela empresa ao contador – que na maior parte das vezes é terceirizado – são de má qualidade, e são descasadas com os extratos bancários ou outros documentos financeiros.

A falta de organização de planilhas, leva o contador a perder os prazos para pagamentos de impostos e gera multas para a empresa, dependendo do volume de documentos mal organizados, as multas somadas podem chegar à cifra dos milhares de reais.

Um em cada três empresários disse já ter pagado multas por conta do escritório de contabilidade. “O empresário tem tendência a não pensar no contador como parte da equipe. E isso é grande parte do problema”.

“Se o empresário tem uma rotina de todo mês conversar pessoalmente ou por telefone com o contador, fazer uma análise contábil ou se preocupar em facilitar a entrega de documentos, colocar o contador na rotina da empresa, isso facilita a comunicação de informação”.

Quase dois terço dos empresários tem uma comunicação razoável ou ruim com o contador, um em cada cinco pensa em trocar de escritório de contabilidade nos próximos seis meses e 42,2% não está satisfeito com o trabalho do profissional.

Estoques

“Se a empresa compra muito de um produto, isso vai ficar encalhado e prejudicar o capital de giro da empresa”. No caso da firmas que trabalhem com produtos perecíveis, o problema é ainda maior, pois a má gestão de estoques pode gerar prejuízos diretos.